Vou em bairros nobres, e favelas pobres, com o semblante fechado, e aí de quem  ouse me encarar. Pequeno e perigoso, nem imagino levar desaforo pra casa.

Mas foi assim que fui criado, desde mais novo, nunca baixar a cabeça pra ninguém, se apanhar na rua irei apanhar em casa também.

Tenho que ser forte para todos, não demostrar piedade pra qualquer um, e quando cair uma lagrima, fala que foi um cisco que caiu no olho. Cliché?! Mas é só poeira nos olhos.

 Vou falar a verdade, sou chorão, frágil e gentil. As vezes só queria um abraço bem apertado de um garoto igual a mim, negro favelado e com marra de mal!

Essa não é nossa natureza, não escolhemos ser assim, mas podemos escolher mudar. É isso mano, você é igual a mim, tem olhos, boca, nariz, piroca. Saí suor de você, saí sangue de você, pode me abraçar, quando nossos corpos se juntar não vai terminar em morte... Talvez termine em morte, na morte da masculinidade tóxica que nos impede de ter uma conexão.